Esse é um dos meus arrependimentos na maternidade, mas que aconteceu por falta de informação, infelizmente: o primeiro banho do bebê assim que saiu do útero.
Sempre achei agressivo para um recém-nascido que estava no escuro, em temperatura elevada, ser levado imediatamente para longe da mãe, naquela claridade habitual de centros cirúrgicos e hospitais. O primeiro banho então é traumático: os bebês berram, gritam, e são esfregadas com força para que o vérnix seja removido.
Contudo a prática deve ser repensada e alguns pediatras que seguem a linha humanizada já orientam as famílias quanto a isso. O embasamento é científico: o Advocate Sherman Hospital (EUA) indica que adiar o primeiro banho por 24 horas pode reduzir de maneira significativa o risco de que o recém-nascido apresente hipotermia (perda de calor) e hipoglicemia (queda de glicose), ao passo que facilita a amamentação. Os pesquisadores acreditam que o vérnix (material branco e gorduroso que cobre o corpinho na vida uterina) seja o responsável pelos bons resultados.
Ou seja, essa gordura é fundamental para a boa saúde do bebê e a melhor proteção logo que sai do útero. O primeiro banho deve ser dado no quarto, junto com a mãe, se possível cobrindo o corpo do bebê com fraldas para trazer mais proteção e conforto dentro da água.
A Sociedade Brasileira de Pediatria também já recomenda aguardar esse período para o primeiro banho, mas infelizmente as maternidades brasileiras ainda não seguem essa diretriz, cabendo ao pediatra indicar e acompanhar.
Produzido até a 38ª semana de gestação, o vérnix caseoso é absorvido naturalmente nas primeiras horas de vida, mantendo a impermeabilidade da pele.
Seguindo essa linha, devemos apenas secar o bebê para asfatar o risco de hipotermia e caso deseje que o bebê fique limpo, há a alternativa de retirar o excesso com água morna e compressas, sem esfregar a pele.
Por fim, um spoiler da maternidade: eu lembro até hoje do cheiro de vérnix assim que Felipe saiu da barriga. Se eu pudesse, guardaria em um potinho! Pode parecer algo muito animal (é o que somos de verdade, né?), mas inexplicável!
Se quiser saber outras práticas que revi ao longo da minha jornada materna com Felipe, clique nesse texto aqui.