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Estrias e gestação – Relato, curiosidades, prevenção e tratamento

por Dra. Viviane Nunes
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Quando estava grávida da minha filha, minha primeira, sabia que engordaria em todo processo. Pelo meu histórico familiar, genético (mulheres da família), sabia que não seria daquelas mulheres que durante a gravidez apenas “ganham barriga” e, quando o filho nasce, estão lindas, magras e com barriga chapada. Claro que não. Mas aceitei a ideia, iria me cuidar, mas uma questão me incomodava: estrias. Como seria ganhar peso, ganhar uma barriga enorme em pouco tempo e não ter estrias?

Bom, meu nome é Viviane Nunes, sou médica dermatologista, trato muita estética no consultório e, obviamente, vivo esta preocupação das gestantes, pre-gestantes, no meu dia-a-dia.

E eu vivi essa questão na minha vida pessoal também. E não sei se as pessoas têm esta percepção, mas quando se é médica, ficamos ainda mais neuróticas que as outras mulheres, por conta do conhecimento técnico que temos. Por isso, tentava me manter racional e usar o conhecimento a meu favor.

Estrias: o que sabemos sobre elas?

Elas são cicatrizes. Ocorre um estiramento repentino na pele e as fibras de colágeno e elastina são rompidas e deixam esta “falha” linear no local de seu surgimento. Esta ruptura gera uma reação inflamatória, típica de uma cicatrização comum, com recrutamento de células inflamatórias e formação de novos vasos sanguíneos.

Por isto são vermelhas numa primeira fase e depois de consolidada a cicatrização se tornam brancas. Se prestarem atenção em qualquer machucado comum, perceberão que no processo de cicatrização, eles primeiro são dolorosos, vermelhos, inchados. Depois ficam um pouco arroxeados e escurecidos e então, no fim, clareiam para um aspecto apergaminhado/perolado. Um processo, bem complexo até, que demora de semanas a 2 anos. Simplificando, é assim que acontece, na maioria das vezes.

Como prevenir as marcas de estrias?

Idade materna, ganho de peso excessivo na gestação, tipo de pele, peso do recém-nascido, genética, alterações hormonais e outros, são fatores implicados no surgimento da estria. Assim, a alimentação saudável, rotina de exercícios, quando permitido pelo obstetra, ajudam muito o dermatologista.

Já na pele, sabemos que única forma de tentarmos prevenir estrias é mantendo a sua integridade. Manter as camadas de proteínas, lipídica e defesa intactos ou próximo a isto.

E como se faz isso?

Hidratação é fundamental

A hidratação é um fundamento que entendemos hoje e cada dia mais como primordial para prevenção de danos e recuperação da pele. E este fundamento serve para a grande maioria das doenças de pele, não só a prevenção de estrias.

Por isso, beba ao menos 2 litros de água por dia. A ingestão de água ajuda muito na hidratação da pele.

Estrias e o componente genético

Sabemos também, quando se trata de estrias, que o componente genético é muito importante. Por isso vemos tantas pessoas dizendo que apesar de todo cuidado, elas surgiram.

Segunda lição, a hidratação é fundamental e o mais importante e, basicamente o que temos que fazer é exagerar neste ponto quando falamos em prevenção de estrias, mas não é 100% garantido que, apesar de todo o seu cuidado, não vá ocorrer.

Eu mesma nunca fui tão disciplinada com a hidratação do meu corpo, principalmente barriga, mamas, flancos, como durante as minhas duas gestações. Funcionou para mim, mas, como já disse, pode não ser assim.

E geralmente as mulheres percebem as estrias depois que o bebê nasce, por quê? Porque enquanto a pele do abdome está muito distendida com a gravidez em curso, logo que ela termina, e a pele perde a tensão prévia de maneira abrupta, flacidez, as estrias se tornam visíveis, como um tecido esgarçado depois de tanto esticar…

Óleos e cremes hidratantes

Hoje no mercado existem muitas opções de óleos e cremes hidratantes, que além de hidratantes contém ativos que aumentam a capacidade da célula do tecido de sustentação de produzir mais colágeno e, assim, um tecido mais resistente. Há aqueles específicos para gestantes, os quais prometem proteger mais a pele do estiramento; há aqueles para peles mais sensíveis e propensas a problemas inflamatórios da pele, o que não deixa de ser excelente opção, uma vez que a fase inicial da estria é inflamatória.

A minha dica maior é: combine um óleo no banho ao hidratante no pós banho imediato. Esta combinação ajuda a manter a água na pele de maneira mais eficaz, prolongando o efeito hidratante. E fazê-lo desde o momento do teste de gravidez positivo. Quantas vezes? Sempre que tomar banho e o uso do hidratante mais de uma vez ao dia é muito bem-vindo.

Tome cuidado com fragrâncias. Elas são sempre mais alergogênicas em geral e a pele da gestante já é mais irritável por este motivo.

Não exagere no uso de sabonetes

Outra orientação importante é não exagerar no uso de sabonetes durante o banho. A mesma orientação que damos aos atópicos (aqueles com dermatites e alergias de pele). Usar um dermo-lavante que não contenha sabão em sua composição é a melhor opção. São aqueles que não fazem espuma e não dão aquela sensação de pele esticada e super lavada. Eles ajudam a manter o componente lipídico da pele, aumentando a proteção e, assim, ajudando na prevenção e tratamento.

Cuidar da pele deve ser um hábito

Tudo parece dar muito trabalho, mas é uma questão de adquirir uma rotina. A gente aprende desde sempre que precisamos escovar os dentes para manter os dentes saudáveis e não fazer isto é que é o estranho. Com a pele deveria ser a mesma coisa. Adquirir o hábito de hidratar, mesmo tendo pele sã, como prevenção para problemas futuros.

Como tratar as estrias?

Mas e ai? Surgiram estrias, então não tem jeito? A boa notícia é que sim, tem tratamento e as chances de melhora aumentaram muito com a experiência médica nos procedimentos e tecnologias. A má notícia é que não basta só ter um bom dermatologista, e fazer todos os procedimentos indicados por ele.

Mais de 50% das chances de resposta ao tratamento dependem de como você vai seguir as orientações do seu médico nos seus cuidados diários e da resposta do seu corpo ao tratamento. Como tudo, a disciplina e compreensão de como seguir no processo, é o que conta para o melhor resultado.

Quando o bebê sai e a barriga murcha, é assim que ouço muitas vezes e é a verdade mesmo, as estrias se tornam visíveis. E quando acaba o primeiro mês do puerpério, momento após o parto, também é o momento de se visitar o dermatologista. Uma nova rotina de cuidados e ativos específicos serão iniciados e também a avaliação de quem será a estrela do tratamento: Laser? Lasers combinados? Infusão de medicamento percutâneo (microagulhamento tipo IPCA)? Peelings combinados?

E aí você se pergunta como saber qual o melhor para o seu caso. Você não vai saber e nem deve, deixe isso para o seu médico. 😉 Por isso é importante confiar nele.

Mas de maneira geral rotina em casa e procedimento em consultório é a combinação mais usada. Raramente só cremes ou só procedimento terão o mesmo efeito final. E as pessoas precisam ter em mente que o tratamento de estrias é de longo prazo e o quanto antes for iniciado muito melhor serão as chances de sucesso com o tratamento. E as expectativas da paciente precisam estar muito bem alinhadas com a proposta terapêutica.

Sacada de Mãe pergunta:

Mulheres acima de 30 anos são menos propensas a estrias ou isso é lenda?

Dra. Viviane Nunes – Depois dos 30 anos é mais difícil mesmo ter estrias porque o tecido conjuntivo (sustentação, colágeno, etc) está mais “amadurecido” também. Alguma coisa boa tinha q vir com a idade. Enquanto q nas jovens, tudo é muito jovem mesmo, ainda em transformação e formação.

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