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{Carta para Felipe – 3 meses}

por Thainá Halac
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Eu morro pelo meu filho. Na verdade eu morri por ele assim que saiu de dentro de mim. E renasci. Não imediatamente. Foi um longo e doloroso processo. Quase um luto, que começa a curar agora, depois de 90 dias de existência dele em nossas vidas. Você vê aquela mulher que um dia foi – e nunca mais será – se distanciando e percebe a incorporação de uma nova, ainda estranha, com a qual você terá de conviver pelo resto da vida.

Foram dias difíceis, nos quais eu me sentia abandonada, sozinha, perdida. É isso: solidão é a palavra que mais nos persegue e define nestes primeiros meses. São as noites que se confundem com os dias, a escuridão da madrugada, o choro, a inexperiência. Enquanto todos dormem, bebem, se divertem, se preparam para um novo dia, você continua ali, com um bebê que depende totalmente de você, com mãos atadas, peitos para fora, cabelos presos num coque improvisado, a roupa golfada e a coluna gritando.

Minha mãe tem a vida dela, passou apenas 15 dias comigo e vinha com frequência; meu marido trabalha o dia inteiro e ajuda como pode, dividindo os plantões das manhãs antes do trabalho e madrugadas. A minha exaustão podia ter sido bem menor, mas este era o meu cenário e eu tinha de lidar com ele. E acredito que este é o de muitas mães por aí. Por isso, se eu pudesse dar um único conselho às novas mamães seria: tenha ajuda regular, pelo menos nos primeiros meses! Pode ser profissional, familiar, uma amiga de verdade. Mas tenha com quem contar de fato. A quem você possa entregar seu filho por alguns minutos para tomar banho. Beber água, fazer necessidades fisiológicas, comer, descansar, gritar, chorar. Dormir (que falta me faz conjugar este verbo!). Fazer o que você quiser, inclusive nada.

Ontem os tão esperados três meses chegaram. Com eles as cólicas nos deixaram, eu voltei a comer quase tudo que quero, as vacinas estão em dia e então finalmente começamos a sair de casa para outros passeios que não sejam o sol da manhã. O refluxo começa a diminuir. Algumas noites ainda são difíceis, mas em geral ele acorda “só” três vezes para mamar. E sorri para mim ❤. Gargalha com as minhas maluquices, com as músicas que invento, com as nossas coreografias, com as histórias que conto e mudo os finais. Faz carinho em mim enquanto mama, como se dissesse: “não desiste, mamãe, estou adorando este momento!”. Sacode os bracinhos para o pai pedindo colo, o olha com ternura.

É difícil pacas. Mas agora começa a ser gratificante, prazeroso. Apaixonante. Parece que quando estamos no limite eles percebem e começam a interagir!

Filho, tenha certeza de que esta mulher que nasceu com a maternidade é muito melhor do que aquela anterior. Bom olhar para você e atestar que conseguimos, chegamos até aqui sãos e salvos! Obrigada por alegrar nossos dias, nos fazer rever prioridades e conceitos. Obrigada por ter nos escolhido como pais! Você é a nossa luz no fim do túnel e ilumina as nossas vidas. Nós te amamos, Felipinho!

*Carta escrita em 08/05/2017

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Aproveite para ler as cartas anteriores:

{Carta para Felipe – 1 mês}

{Carta para Felipe – 2 meses e o meu aniversário}

 

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