A obstrução do canal lacrimal foi observada ainda na maternidade. Assim que nasceu, o pai apelidou Felipe de “Piratinha”. Essa alcunha o acompanhou até pelo menos o quarto mês. Isso porque o olho direito dele sempre estava com remela e, frequentemente, fechado, principalmente quando ele acordava.
Na primeira consulta ao pediatra, 10 dias após o nascimento, questionamos sobre o olho lacrimejando. Ele nos tranquilizou e disse que seria apenas limpar com água filtrada e algodão até que a produção de lágrima fosse regularizada. Contudo, nos encaminhou a um oftalmologista para que uma avaliação mais específica fosse feita.
Na consulta com o oftalmo, aproveitamos para fazer o Teste do Olhinho, que não é mais feito pelos pediatras logo após o parto. Ele nos tranquilizou, assegurou que estava tudo certo e ensinou uma massagem, apertando com o indicador o canto do olho próximo ao nariz em movimentos circulares para que aquela água fosse drenada o quanto antes.
Depois do nascimento do Felipe, observei que pelo menos três bebês do meu círculo de amizade apresentaram o problema. A obstrução das vias lacrimais na região do canal lacrimal ocorre em aproximadamente 6% dos recém-nascidos. O canal lacrimal comunica a superfície ocular com o nariz e é por este canal que a maior parte da lágrima é drenada. Nestas crianças este canal lacrimal não está totalmente aberto, fazendo com que os bebês apresentem sintomas de lacrimejamento e secreção no olho acometido.
Em geral a massagem elimina totalmente a secreção em meses e afasta a possibilidade desse excesso de lacrimação evoluir para uma conjuntivite. Também são raros os casos em que é necessária intervenção cirúrgica para regular o canal lacrimal.
Com Felipe deu certo! Por volta dos quatro meses a secreção foi secando, até o dia em que não existia mais. Fui persistente nas massagens, na higiene e hoje em dia não há nenhuma lembrança do nosso Piratinha, somente nas fotos!