Já contei aqui que levamos um tempinho para engravidar. Durante quase um ano eu tinha estoque de exame de farmácia em casa. Todo mês olhava o negativo estampado naquela listra única. Já havíamos desistido de tentar naquele ano, que seria mais conturbado para mim profissionalmente, quando engravidei logo após o exame de histerossalpingografia.
Só que após fazer o exame, relaxei e não acreditei que engravidaria em seguida. Foi um mês no qual fomos a dois casamentos, curti todos, dançando muito, bebendo, viajei de avião. Continuei correndo três vezes por semana por esporte, e para completar, meu trabalho exigia muitas vezes que eu fosse in loco acompanhar as obras que preparavam o Rio para as Olimpíadas de 2016 – o que significava andar mais de 20km por dia.
Descobri a gestação quase dois meses depois da fecundação. Estava trabalhando tanto que nem me dei conta que a menstruação não tinha dado as caras nesse período. Foi quando resolvi comprar um teste de gravidez e lá estava, enfim, as duas linhas paralelas que mudariam completamente a minha vida.
Corri para a obstetra, fiz exames de sangue e segui para a ultrassonografia transvaginal, indicada nas primeiras semanas de vida do feto. Segundo a médica que realizou o exame estava tudo ótimo. Fato é que duas semanas depois, a médica Mariana Strider, uma amiga que é das melhores Radiologistas com a qual já fiz exame, pediu que eu fosse fazer uma ultra com ela para vermos o bebê. Lá ela me tranquilizou, mas constatou um pequeno descolamento da placenta que podia fazer com que a gravidez não evoluísse.
Liguei direto para a minha obstetra, que olhou o exame e confirmou o diagnóstico. Ela orientou que eu ficasse uma semana em repouso, fazendo uso do medicamento Utrogestan e de Buscopan Composto, para que o útero não contraísse e evitasse o aborto espontâneo.
Usado para suplementar a quantidade de progesterona do organismo, o Utrogestan é indicado para reter a expulsão do feto causada pela deficiência deste hormônio, principalmente nos três primeiros meses de gravidez.
No meu caso, a indicação era aplicar dentro da vagina (ele pode ser ingerido de forma oral também) até que o primeiro trimestre de gestação chegasse ao fim. O medicamento não combate abortos por causas genéticas e tem uma série de contra-indicações. Portanto o uso e a dosagem só devem ser recomendados e administrados pelo médico que acompanha a gestante.
Não tive nenhum tipo de efeito colateral e a gestação seguiu sem nenhuma intercorrência. Viva o Utrogestan!