No início de novembro, as meninas conheceram o Lago de histórias, uma editora que fica na Urca, aqui no Rio de Janeiro, em seu segundo passeio da creche (sim, com 2 anos eles já têm passeios externos).
Pelo que eu entendi do relato que elas fizeram, em algum momento elas pescaram livros, em um Lago de histórias e trouxeram para casa dois livros: Olga e Bilica Chorona.
Hoje vou falar sobre o livro Bilica Chorona, que tem texto de Isabelle Borges e ilustrações apaixonantes de Taline Schubach.
O livro fala sobre sentimentos e sobre o choro.
Muitas vezes como pais temos dificuldade em lidar com crianças que choram acima da média (foi o melhor termo que encontrei, mesmo não achando o mais adequado).
Por muitas vezes esquecemos que elas ainda estão aprendendo a lidar com seus sentimentos, que estão aprendendo a se expressar e que o choro acaba sendo uma exteriorização do que não conseguem falar.
Bilica era uma chorona de lágrimas cheia. … Podia parecer manhã de menina doce, mas não era manhã, não. Era só falta de sabência. Ela ainda não tinha aprendido que a palavra também podia dar jeito em dor ralada, em medos do mundo e em vontades do peito.
Trecho do livro Bilica Chorona
No texto ela fala sobre algo que já sabemos, mas parece que esquecemos: que o choro acaba arrumando solução para os problemas da criança.
Quando ela está com fome, consegue comida. Se quer um abraço, consegue dois braços que o façam. Se tem um machucado, ganha um beijo.
Também fala de uma reação comum e negativa que muitos adultos têm quando confrontados com crianças que choram muito…
“Mas Bilica foi crescendo. Diziam que ela já era muito grande para chorar e a mandavam engolir o choro. Sem graça, ela ficava com o choro escondido na garganta, inchado por dentro e sem poder sair.
Eu fiquei completamente apaixonada por essa ilustração que mostra Bilica engolindo o seu choro, e ao mesmo tempo se afogando nele.
Em um determinado momento do livro, Bilica ouve um choro sentado no sofá. Era sua mãe e ali ela percebeu que as mães também choram. E como entendia de choro, sabia que aquele choro esperava um abraço e foi o quê Bilica fez.
“Bilica descobriu que a mãe guardava o choro em potes, dentro do coração, para não serem vistos por ninguém.
Mas, naquele dia, a mãe precisou destampar para esvaziar os sentimentos.”
E a mensagem final é linda.
Isabelle Borges é Brasiliense, mas mora no Rio e ao se descrever diz que chorava de fazer careta, apertar a testa e curvar a boca. E o nome da personagem surgiu de um apelido que seu avô lhe deu Bilica.
A Ilustradora Taline Schubach diz que é uma chorona de lágrima cheia.
Ficha Técnica do livro BILICA CHORONA
Autora: Isabelle Borges
Ilustradora: Taline Schubach
Editora: Salamandra
Especificações: Brochura | 32 páginas
Faixa etária indicada: para pequenos ouvintes a partir de 2 anos e para leitores a partir de 6 anos.