Seis meses. Passaram voando. Passaram entre fraldas, aflições, brincadeiras, noites em claro, choros, sorrisos. Muitos sorrisos. Há seis meses você saiu de dentro de mim para ganhar o mundo. Há seis meses das minhas entranhas para os meus braços. Por quanto tempo você ainda caberá esticado no meu tronco, suspirando, cabeça encostada na minha?
Já não somos mais um só, mas insistimos em voltar a ser. Você acorda na madrugada com saudade de mim. Retribuo. Meu pequeno Édipo, que primeiro roubou o coração do papai e logo depois o lugar dele na cama. É temporário, sabemos. Nosso amor é tanto que não cabe em um dia inteiro, precisa adentrar a madrugada. Quando na calada da noite me rendo ao cansaço e dormimos juntos, abraçados no sofá. Como naquela vez em que eu deveria lhe acariciar para dormir, mas foi você que com essas mãozinhas fofinhas fez carinho no meu rosto até que eu caísse no sono.
Meu menino esperto, do olhar curioso, desconfiado e do sorriso tímido. Que provoca suspiros e gargalhadas por onde passa desfilando as bochechas e perninhas mais cheinhas que já vi. Que deixa até a mais taciturna da espécie com olhar apaixonado.
Meu bebê, que começa a descobrir o mundo. Rola, vira, desvira, se enrola. Quer mostrar sua maturidade sentadinho, vendo o mundo de novos ângulos. É assim mesmo, filho! Continue, você está indo muito bem!
Meu glutão em miniatura que se anima ao ver uma frutinha, balançando os bracinhos ávidos e me força a um BLW que não estava em nossos planos inicialmente. É muita independência, é muito orgulho para essa mamãe aqui!
Meu bebezão com tamanho exagerado, que me faz ignorar a timidez e me aproximar de outras mães e babás na pracinha porque você quer brincar, ganhar o mundo. O que me faz achar que eu sou a melhor das cantoras repetindo meu parco repertório de Dona Aranha, Sapo Que Não Lava o Pé, e a Barata Mitônama – aquela que diz que tem sete saias de filó e usa uma só!
O que acha graça dos beijos que dou no cangote, nas falsas mordidas, nas vozes dos fantoches. Meu parceiro de dança no sling, que ainda insistimos em usar só porque ficamos bem agarradinhos.
Meu amor, todinho meu. E, sorte dele, de um bocado de gente por aqui. Meio ano se passou. Os melhores 180 dias aos quais já tive notícia. O mundo é melhor com você!
*Carta escrita em 8/08/2017