Assim que Felipe completou um mês as famigeradas cólicas começaram. Até então, era tudo um mar de rosas. Após 30 dias de vida, durante todos os dias, ele começava a berrar às 17h – que ficou conhecida como “hora da bruxa” lá em casa – e não parava nunca mais, só quando cansava.
A cólica nos três primeiros meses de vida do bebê é normal por causa da imaturidade do sistema digestivo e assim há dificuldade em digerir alguns componentes do leite levando à dor. O tempo costuma se encarregar de resolver o problema. A melhor recomendação é ter paciência. É claro que não gostamos de ver nosso filho com dor ou desconforto, mas o melhor a se fazer nestes casos é tentar acalmar o bebê: pegar no colo, aquecer o abdômen, dar um banho morno, virar de bruços. Mas não é fácil assistir um ser tão pequenininho se contorcendo de dor e não tentar nada para amenizar.
Morria de peninha dele. Chorei junto muitas vezes. Tentava de tudo: compressa de água quente, colocar colado no meu corpo com sling, passar um paninho e esquentar a barriguinha. Ginástica com as perninhas e massagem com as mãos no sentido horário do intestino para ajudar a eliminar os gases. Nada adiantava.
Foi então que partimos para os medicamentos. O pediatra à época receitou Mylicon (Simeticona) a cada 8h como medida preventiva. Felipe também passou a tomar Colikids todos os dias pela manhã – este serviria para maturar a flora intestinal e, dessa forma, prevenir as cólicas.
Nada adiantou. A essa altura, eu que quando cheguei da maternidade tracei uma feijoada, passei a regular os alimentos que ingeria. Cortei tudo: chocolates, açúcar, embutidos, leite – não há nada comprovado que a alimentação da mãe interfira nas cólicas da criança, mas como meu filho sofria muito, além da cólica, existia a suspeita de ALPV (alergia ao leite de vaca) que logo foi eliminada e do refluxo oculto associado, que já falamos neste post aqui. Imagina uma pessoa que ama comer ficar sem o seu principal prazer. Difícil, mas encarei para ver meu bebê sem dor.
Era um desespero. O menino gritava e eu não conseguia raciocinar direito. Tentei também, com orientação médica, associar Buscopan para melhorar a digestão. Não fez efeito.
Outra tentativa foi o Colic Calm. Importado, só vende nos EUA. Pedi para uma amiga trazer porque o remédio prometia milagres. E era homeopático, teoricamente não agrediria tanto o organismo do bebê. Manchei várias roupas do Felipe com aquele líquido preto. Ele é docinho, então Felipe amava quando eu colocava a seringa na boquinha dele. O efeito calmante durava dez minutos (imagino que pelo sabor adocicado) e em seguida meu bebê começava a urrar novamente. Então, para mim, não funcionou, foi um placebo.
Na ânsia de ajudar, muitos sugeriam que eu desse um chá de camomila para melhorar. Resisti bravamente – na amamentação exclusiva a criança não toma nada, nem água, nem chá.
Outros indicavam fitoterápico Funchicórea, que também não quis usar no Felipe porque o medicamento, que tem na sua fórmula folhas de chicórea, raiz de ruibarbo e flores de funcho, muito usado pelas nossas mães e avós em nós, mas foi proibido pela Anvisa – o motivo foi a falta de comprovação da segurança de um dos componentes da fórmula, o pó da planta ruibarbo que justamente por ser em pó poderia sofrer variações na quantidade do princípio ativo. O processo de cancelamento estava em andamento desde 2005 e teve a decisão final em 2012, sendo liberado em 2013 após o fabricante apresentar documentações que comprovam que o princípio ativo não traz riscos à saúde. Mas eu resolvi não arriscar.
A cartada final do pediatra que acompanhava o Felipe foi a Novalgina. Era o meu último recurso, quando já tinha tentado de tudo e nada fazia efeito. Funcionava, só que eu me sentia dopando a criança e comecei a pirar nos efeitos que este analgésico poderia trazer, ainda mais usando com frequência. Foi aí que busquei o meu homeopata de infância para tentar tratar a cólica com algo que não “intoxicasse” tanto o meu bebê.
Já na primeira consulta ele examinou, verificou a cólica – Felipe dobrava as perninhas e urrava, num choro agudo – e também levantou a hipótese do refluxo oculto. Com o receituário dos medicamentos que seriam manipulados, ele me ensinou a dissolver os tabletes homeopáticos em água e dar nos horários determinados para Felipe com uma seringa (ele era muito bebê, poderia se engasgar com as bolinhas). Foi mágico. Em uma semana as crises foram reduzindo e pudemos, enfim, descansar e curtir nossas noites.
*Importante: sempre consulte seu médico, jamais administre medicamentos por conta própria.