Felipe tem quase cinco meses e mais de 300 fotos – contabilizando somente as feitas por mim. Olhando todas, verifico que muitas são dele, o meu modelo favorito, meu muso inspirador, em carreira solo. Outras são das visitas que ele, sempre muito concorrido, recebe com freqüência. Algumas são dele com o pai, os avós, tios. Estou sempre preocupada em registrar estes momentos.
Mas há pouco me dei conta que comigo as fotos são raras. E quando elas existem, são selfies desequilibradas. E essa não é uma reclamação minha exclusivamente. A não ser que a mãe tenha um fotógrafo ou alguém com mais sensibilidade no olhar na família ou entre seus amigos próximos, dificilmente a progenitora será protagonista junto com o bebê em frente às câmeras.
Estamos sempre atrás delas, registrando o outro. E a nós, quem se ocupa em registrar? Poucos. E olha, são tantos momentos lindos. Como eu gostaria de ter lembrança do meu filho dormindo em cima de mim. Ou de algum sorriso inesperado. Ou até mesmo mais fotos posadas. Quando as quero, preciso pedir, quase implorar. É sempre a vez do outro, que infere que eu passo tempo demais com meu filho e por isso não preciso eternizar aquele momento para posteridade também. Felipe é quase sempre arrancado da minha mão para as fotos. Sei que na maioria das vezes este movimento é imperceptível e não tem a menor intenção de magoar a mãe, mas pensem nisso com carinho.
Reclamei disso para a família e funcionou. Minha irmã fez fotos lindas minhas brincando com ele no sofá de casa no último sábado. Procuro fazer a minha parte também: todas as vezes que agora vejo uma mãe se equilibrando com um bebê num braço e celular no outro para uma foto me ofereço para o registro. O sorriso largo que recebo em troca é o meu maior agradecimento.
Por isso, fica aqui o apelo: tirem fotos das mães com os filhos!
*texto escrito em 2017
E você? Teve a sorte se um olhar sensível registrar o seu cotidiano com a cria? Conta para a gente!
