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Maternidade e a falta que a liberdade me faz

por Isa
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A maternidade não foge à regra de que tudo na vida envolve perdas e ganhos.

A liberdade é o que mais me faz falta.

A liberdade de viver sem me preocupar com outra pessoa nos mínimos detalhes.

A liberdade de ter as horas do dia dedicadas a mim e não aos rituais de cuidado que envolvem a maternidade.

A liberdade de passar o dia na praia fazendo o que eu gosto até o entardecer.

A liberdade de usar o meu tempo para fazer o que eu gosto. Apenas o que EU gosto, no egoísmo da minha individualidade.

A liberdade de tomar um banho quentinho e tranquilo, sem ser interrompida ou ouvir choros verdadeiros e imaginários (esses não mais).

A liberdade de dormir sem ter que botar ninguém para dormir.

A liberdade de bater a porta e, simplesmente, sair. Sem me preocupar com quem está ficando para trás.

A liberdade de passar mais tempo com as minhas amigas.

A liberdade de poder escolher o destino de uma viagem sem pensar se é conveniente e se há estrutura para duas crianças pequenas.

A liberdade de dormir até tarde aos fins de semana ou de simplesmente não fazer nada um dia inteiro.

A liberdade de escolher o programa que vou assistir na televisão.

A liberdade de ler um livro pelo período que eu quiser.

A liberdade de resolver tarefas no computador ou dar sequência em algum curso online no horário que eu escolher.

A liberdade de ter tempo para cuidar de mim.

A liberdade de fazer as refeições sem ouvir reclamações, gritaria, choros e desentendimentos.

A liberdade de não ter que realizar a difícil tarefa que é educar alguém.

A liberdade de não ter que me preocupar tanto se estou fazendo o certo.

Sob um outro olhar, podem parecer um monte de coisas pequenas. E podem ser. Mas são coisas que me fazem menos eu.

E, para amenizar esse sentimento de privação, eu vou tentando inserir em minha vida pequenos momentos de liberdade.

Um almoço demorado com as amigas durante a semana porque enquanto elas estão na creche é mais fácil.

Um jantar a dois no meio da semana {enquanto as meninas ficam com a babá}.

Algumas horas no fim de semana dedicadas apenas a fazer algo que eu gosto e que só é possível porque o marido é parceiro.

O chope com os amigos da faculdade para rir do passado e do presente.

A leitura e os cursos feitos depois que elas dormem e madrugada a dentro porque é quando é possível.

Uma noite em um hotel para podermos dormir uma noite inteira sem receber intrusas na cama no meio da madrugada. Noite essa que só é possível com a ajuda providencial da vovó.

Um fim de semana na serra ou no mar só com o marido. Para namorar, beber sem me preocupar com o dia seguinte e me conectar com ele e comigo mesma.

E assim, eu vou resgatando um pouco de quem eu era antes delas. Mas só da parte que ainda me cabe. Porque já não sou mais quem eu era.

A cada dia eu retomo um pouco mais da minha liberdade e a tendência é que esse movimento seja crescente. Hoje eu já consigo fazer muito mais coisas que fazia quando elas eram recém-nascidas.

Sei que a minha liberdade nunca mais será plena. As coisas mudam e a vida se transforma. E tá tudo bem! Os ganhos são tão absurdos, que eu consigo viver com essa liberdade diminuída.

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