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{Carta para Felipe – 12 meses}

por Thainá Halac

O relógio marcava 23h17. Ainda era o dia 08/02 quando pedi ao maqueiro para repassar o batom porque teria o encontro mais importante da minha vida. E você chegou e iluminou tudo desde que saiu da minha barriga. Nascemos. Você, filho. Eu continuo sendo gerada como mãe. O processo é longo, viu? Pensei que fosse instantâneo, orgânico, mas não. É construído (e talvez isso seja o mais bacana). Aos poucos, eu e seu pai que até então éramos um casal estamos aprendendo a ser uma família.

Este é só um dos muitos aprendizados ao longo destes meses. E eu agradeço tanto por eles. Por você. Agradeço todos os dias. Então, acredito que a #gratidão seja o segundo – e não menos importante – aprendizado. Eu só queria um bebê. Aí recebi esse menino lindo, essa alma doce, essas mãozinhas que me afagam, esses olhinhos ternos. Devo ter feito algo de muito bom pela vida para receber a dádiva que é ser sua mãe!

E você cresce. Primeiro se alimentando de mim. Bicho, que loucura esse troço de amamentação! Bizarro pensar que você durante seis meses se manteve vivo de um alimento gerado por mim. Essa tal natureza é perfeita mesmo. Daí que gostamos tanto que seguimos com o peitão à disposição. Pode se fartar na mamãe, estou aqui para isso – por mais que o glutãozinho aí já saiba que comer é um dos maiores prazeres da vida.

São meses de incessantes descobertas. Firma o pescoço (oh, glória!). Começa a falar. Nascem os dentes. Senta (amém, senhor, que libertação!). Dança com esse corpinho gostoso. Bate muitas palminhas. Começa a engatinhar aos 45 do segundo tempo e começa a entender que é dono do seu corpo, do seu tempo, das suas vontades, do direito constitucional de ir e vir.

Dos momentos que vou levar para o resto da vida na memória, a sua mãozinha no meu rosto enquanto dormimos agarradinhos, o seu sorriso em sono profundo no meu colo após um “milk coma”, as nossas declarações de amor mútuas, o toque macio e gostoso da pele do seu corpinho de bebê. A sua aflição com as cólicas dos três primeiros meses seguidas do relaxamento em cima de mim, quando ficávamos de grudinho na madrugada. A sua gargalhada, barulho mais gostoso que já ouvi!

Felipe, obrigada, muito mesmo pela oportunidade de ser sua mãe. Por me escolher para esta caminhada. Por colorir o meu mundo. Que a felicidade seja seu destino. Que a vida retribua todos os seus sorrisos. Que você seja generoso e respeite o próximo. Que você emane todo o amor que recebe de nós.

*Carta escrita em 08/02/2018

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