Tenho me sentido esgotada emocionalmente, cansada. Exausta. Trabalho acumulado com as funções de casa e com o meu mais recompensador e trabalhoso cargo: mãe do Felipe.
Tem dias que eu daria tudo para não levantar da cama. Mas aí olho para meu filho, para o sorriso dele e ganho ânimo extra para encarar as tarefas do dia.
Eu ainda amamento. Felipe ainda não dorme a noite inteira. Por vezes, acorda de hora em hora. Alguns dias são melhores, outros piores. Meu sonho segue sendo dormir uma noite inteira sem acordar. Mas sem rede de apoio isso é bem difícil e eu já relaxei e entendi que um dia (que seja logo, por favor!) meu filho vai dormir e acordar somente pela manhã.
Poderia reservar o fim de semana para dormir? Poderia. Mas aí chega a culpa materna me avisando de todos os momentos, as gracinhas, as descobertas do Felipe. Porque eu já passo a semana inteira trabalhando, ainda vou perder dois preciosos dias com ele?
Foi aí que comecei a pesquisar e descobri que o puerpério para lactantes não dura somente os 40 dias após o parto. E pode, sim, se estender por dois anos ou mais.
Cientificamente, um estudo liderado por pesquisadores da Universitat Autònoma de Barcelona e da Universidade de Leiden, acompanhou 25 mães que tiveram o primeiro filho, analisando as mudanças na estrutura do cérebro. Se a mulher está amamentando, o corpo (e o cérebro) só vai voltar a ser como era antes da gravidez quando a mulher parar de amamentar. Foi constatado que ele continua se alterando até o segundo ano de vida da criança, estacionando a partir daí.
Soma-se o fato de que nesse período a mulher está em um estado alterado, diferenciado, e ainda tem várias adaptações sociais e emocionais, de sono e de espaços de identificação, de libido e de organização para fazer. São anos intensos e complexos e pode levar muito tempo para esses ajustes e reestruturação acontecerem.
Se quiser ler mais sobre o assunto, publicamos outros dois textos: Precisamos falar sobre puerpério e baby blues e Seja abrigo de uma mãe no puerpério.
Puerpério, mesmo os mais longos, com apoio, sem pressa nem comparações muda a maternidade. Sejam gentis com as mães. Em vez de palpites, ofereçam braços. Sejam abrigo.