Você já parou para pensar quantas atividades profissionais uma mãe desempenha ao exercer a maternidade?
A verdade é que, ao ser mãe, temos que lidar com questões que requerem habilidades e conhecimentos diversos e passamos a ser uma faz-tudo. São atividades tão variadas que, muitas vezes, temos que buscar informação e capacitação para desenvolvê-las. O que nem sempre é fácil quando já temos uma rotina pesada entre trabalho + casa + companheiro + filho(s).
Minha proposta hoje é falar um pouco de cada profissão que exercemos em casa (da maioria delas, porque é impossível cobrir todas) com o propósito de chamar a atenção para uma importante questão: apesar de estarmos acumulando milhares de funções nos últimos anos – desde que a mulher ingressou no mercado de trabalho – isso é injusto, sem sentido e deve mudar. Precisamos rever, em caráter urgente, a divisão de tarefas entre pai e mãe. A sociedade mudou e o modelo atual está ultrapassado e já se mostrou inviável.
Temos uma geração de mães esgotadas emocional e fisicamente. E, que chegam ao limite tentando dar conta de atividades e listas que nunca têm fim. Mães que estão à beira de um colapso ou que chegam ao colapso, a chamado síndrome de Burnout materno.
Não há como manter a sanidade com essa carga mental e física.
No modelo que temos hoje, o trabalho de uma mãe nunca acaba. Por isso, muitas de nós estão esgotadas. E a vida não é isso. Alegria e a harmonia devem fazer parte do nosso cotidiano. Por isso, uma divisão de tarefas justa e uma rede de apoio são tão importantes para que a vida familiar seja mais equilibrada, justa e harmônica. Sejamos a mudança que queremos ver no mundo!
Bora cocriar um mundo melhor para todos e todas!
Presidente: Mãe é quem manda na porra toda. E, em razão disso, normalmente quem toma as decisões mais difíceis. A vantagem é que, costuma ser quem colhe os louros mais fofos e carinhosos.
Gerente e Assistente de RH: normalmente é a mãe quem entrevista, seleciona, contrata, controla ponto, decide sobre folga, férias, executa as tarefas do e-social, põe crédito de transporte e, também quem demite.
Faxineira, passadeira, lavadeira: a realidade da maioria dos lares brasileiros é a da mulher que trabalha fora e que ainda tem que manter a casa limpa, a comida feita e a roupa lavada e passada. Mas, ainda que essa não seja a sua realidade e você tenha uma ajudante em casa, é provável (muito) que você limpe restos de comida que caíram no chão, sucos no chão, etc.
Compradora: desde a gravidez, essa função costuma ficar definida. Como, normalmente, adoramos a ideia de montar o enxoval, somos as responsáveis por escolher roupinhas, pesquisar itens, decidir carrinho de bebê, banheira… e comprar.
Decoradora: decidimos a cor da parede, estampas dos lençóis de berço ou caminha, móveis e toda a decoração do quarto.
Enfermeira: começamos limpando o umbigo e daí nunca mais paramos. Dar remédio, medir febre, fazer curativo, etc.
Controladora de estoque: cuidamos para que fraldas, lenços umedecidos, algodão, sabonete e leite nunca acabem. Sem contar o estoque de casa de comida, bebidas, papel higiênico, etc.
Motorista e/ou acompanhante: normalmente, somos nós que levamos ao pediatra, natação, aulas de psicomotricidade e creche.
Nutricionista e Cozinheira: pensar no cardápio da criança e do resto da casa, pesquisar receitas e executá-las, normalmente, é outra função que cabe a mãe.
Administradora: o funcionamento geral da casa é mais uma tarefa que costumamos acumular. Buscar profissional e agendar pequenos reparos na casa, chamar a assistência técnica da TV, organizar o horário do banho, o uniforme, a mochila… ufa! Cansei!
Organizadora de festas: local, orçamento, bolo, decoração, enviar convite aos convidados, tema da festa escolhido são algumas das tarefas que pensamos, organizamos e executamos, pelo menos, 1 vez ao ano.
Conselheira, coach e psicóloga: quando os filhos estão chateados ou tristes somos nós que, normalmente, tentamos desvendar o mistério e entender o que está passando na cabeça e no coração de nossos pequenos. Muitas vezes, acabamos lendo sobre os assuntos que afligem nossos filhos – e, consequentemente, a gente – para desempenhar melhor essa tarefa.
Professora: ensinamos pelo exemplo e pelas palavras o tempo todo. Até quando não queremos ou não nos enxergamos nessa função. Sentamos para estudar, voltamos a estudar para ensinar, cobramos atividades feitas e buscamos formas de torná-las interessantes.
Educadoras: acho que essa é uma das tarefas mais desafiadoras da parentalidade. A que exige de nós uma paciência extrema e que muitas vezes nos faz ser tachada de chata. É a que nos faz ler livros sobre comunicação não violenta e disciplina positiva. É a que nos traz muita frustração – quem nunca se pegou falando a clássica frase Mas eu já pedi para você fazer isso mil vezes!
Negociadora e intermediadora de conflitos: quando ainda bebês, temos que impedir mordidas, tapas e empurrões. A medida que eles crescem os conflitos passam a ser mais complexos. Passamos a negociar, oferecer alternativas e fazer combinados para ter um pouco de paz e dar autonomia aos pequenos. Há ainda os conflitos com os pais, entre irmãos e com outras crianças. É necessário muito jogo de cintura para lidar com isso. E, a verdade, é que nem sempre temos essa habilidade.
Agente de viagem: Decidir, planejar e organizar toda a logística da viagem é outra tarefa que costuma ser realizada por nós mulheres. Pensar se o hotel e o destino são bons para criança, se levamos ou não o carrinho, qual o melhor transporte, o melhor vôo… O pior é ter que ouvir do companheiro que a sua escolha não foi a melhor (a vontade é de dar um soco no meio da cara! Kkkk…. Mas acabo respondendo, “da próxima vez você faz então”).
Gerente de finanças: controlamos e fazemos com que entretenimento, luz, água, telefone, supermercado, colégio, presentes para as festinhas caibam no orçamento familiar.
Somos ainda estilistas, fotógrafas, costureiras, contadoras de história, especialistas em criatividade e storytelling e muitas outras coisas.
Vamos mudar essa realidade?
Minha intenção com o texto não foi só criar uma lista das infindáveis tarefas que realizamos ao acumularmos a função de mãe, esposa, profissional, mulher e administradora de casa, mas fazer com que homens e mulheres reflitam mais sobre o desequilíbrio dessa divisão de tarefas.
Para pensar
Por isso, deixo aqui algumas perguntas para você pensar:
- Quais dessas tarefas você acredita que o seu companheiro pode desempenhar?
- Acha que a sua mãe, seu pai, uma irmã ou um irmão, pode ficar com alguma da lista? Às vezes, algum deles quer te ajudar, mas não sabe como.
- Como a rotina pode ser simplificada?
Convido vocês a falar mais sobre o assunto com parceiros, parentes e amigos. Precisamos mudar essa realidade.