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Introdução alimentar: dicas para o sucesso

por Thainá Halac

A introdução alimentar costuma ser motivo de preocupação para os pais. Falta de informação e conceitos antiquados costumam dificultar ainda mais esse processo.

Por conta da volta precoce ao mercado de trabalho, durante muitos anos a indústria da fórmula de leite vendeu a ideia (errada!) de que o leite materno é mais fraco e pediatras em todo mundo indicavam a introdução precoce de alimentos, por vezes até antes dos quatro meses, quando o bebê não deveria sequer se alimentar de algo que não fosse leite (materno de preferência).

Hoje sabemos da importância da amamentação exclusiva até os seis meses e, para as mães que conseguem amamentar dessa forma, a introdução alimentar se inicia após essa data. Bebês alimentados com fórmula costumam ter essa etapa antecipada para o quinto mês.

Intuitivamente sempre achei que a relação com a comida deveria ser prazerosa desde o início. Quando comecei a pesquisar sobre o tema para a introdução alimentar do Felipe, mais uma vez recorri aos textos do Dr. Carlos Gonzalez, no livro “Meu Filho Não Come”. Foi libertador. Primeiro porque entendi que o principal alimento da criança até um ano de idade é o leite materno. E foi de encontro ao que eu já imaginava: forçar uma criança a comer é o pior caminho.

introducao alimentar livro dr carlos gonzalez

Quais foram os ensinamentos do Dr. Carlos Gonzalez?

Um breve spoiler resumo do livro que pode ajudar na introdução alimentar:

  1. Leite materno sempre – aqui já mostramos os benefícios do leite materno. Vamos insistir nisso: amamentação exclusiva e em livre demanda pelo menos até os seis meses e complementar até os dois anos;
  2. Tudo bem se o bebê não for ávido por comida até um ano. O leite materno é o principal alimento neste período, continue oferecendo ao seu bebê;
  3. Em geral, o problema “a criança não come” foi criado por uma demanda da própria pediatria que, cada vez mais, passou a considerar datas cada vez mais precoces, e pré-determinar horários e quantidades pra criança comer;
  4. O problema “meu filho não come” surge do desequilíbrio entre o que a criança come e o que o adulto espera que ela coma;
  5. Não importa com qual alimento começa a introdução alimentar, não há bases científicas para recomendar um ou outro;
  6.  Forçar a comer é desumano.

Ao longo dos últimos anos, os pediatras seguiam uma cartilha de introdução de líquidos e sólidos iniciando com suco de laranja, passando para papinhas de frutas, legumes, cereais e carnes. Sempre da textura pastosa para os pedacinhos.

Contudo, pesquisas recentes demonstram que não faz diferença na introdução a ordem na qual os alimentos serão oferecidos. Inclusive, pediatras mais atualizados já aboliram a recomendação da iniciação com suco por conta da alta concentração de frutose.

Estudos demonstram também que quando a introdução alimentar não é antecipada por fatores externos e feita após os seis meses, a textura dos alimentos – claro que cortado em pedacinhos e sempre com supervisão de um adulto para evitar engasgos – não faz diferença para a aceitação da criança e melhor interação com a comida. O que melhora esse processo é justamente o contrário: o contato da criança com o alimento e ela perceber que tem autonomia para escolher e levar à boca o que quiser, experimentar as texturas, perceber os cheiros e diferentes sabores.

Quais são os principais métodos de introdução alimentar?

Outra questão a ser definida é o método a ser utilizado. Basicamente o tradicional, oferecido por colher; ou o BLW (Baby Lead –Weaning), no qual oferecemos os pedacinhos e a criança mesmo se serve – se assim quiser, ela pode inclusive somente brincar com os alimentos.

Apesar de muitos defenderem o BLW desde o início da introdução, atualmente, a OMS orienta oferecer alimentos que a criança possa pegar somente a partir dos 9 meses, enquanto o Ministério da Saúde do Brasil e Sociedade Brasileira de Pediatria recomendam aumentar gradativamente a consistência da “papa” a partir dos 8 meses. A Sociedade Brasileira de Pediatria se posicionou recentemente (2017) em seu Guia Prático de Atualização sobre Alimentação Complementar e o Método Baby-led Weaning e, em sua conclusão, orienta:

Reconhece-se que no momento da alimentação complementar, o lactante pode receber os alimentos amassados oferecidos na colher, mas também deve experimentar com as mãos, explorar as diferentes texturas dos alimentos como parte natural de seu aprendizado sensório motor. Deve-se estimular a interação com a comida, evoluindo de acordo com seu tempo de desenvolvimento.

Também ajuda muito oferecer, desde os 6 meses, comida normal, a mesma que os pais comem, sem triturar, apenas cortado em pedaços bem pequenos ou amassado, deixando que o bebê mesmo a leve à boca. Aqui falo um pouco mais sobre a minha experiência com a introdução alimentar do Felipe.

E o mais importante: comida de verdade! Nada de enlatados e processados. Sem sal, sem açúcar e com muitos temperinhos caseiros. Por aqui a comidinha do Felipe sempre foi caprichada, com salsinha, cebolinha, manjericão, alecrim e todas as ervas que pudessem acrescentar e realçar o sabor dos pratos.

 

A introdução alimentar já começou por aí? Ajudamos a esclarecer suas dúvidas? Conta para a gente!

 

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