A exterogestação tem uma explicação muito simples: entre os mamíferos, o bebê humano é o mais frágil e dependente da mãe. Cabe a ela alimentar, acolher, proteger, afagar, garantir a segurança inclusive emocional do recém-nascido. De acordo com os antropólogos, quando passamos a ser bípedes, muita coisa mudou. Andar ereto e caminhar em dois pés fez com que nossa bacia ficasse mais estreita e, para isso, os bebês passaram a nascer mais cedo, quando a cabeça ainda poderia passar pela bacia sem grandes riscos. Com isso, o cérebro dos humanos ainda está em desenvolvimento ao nascer – praticamente 400% ainda a desenvolver. Somente as partes mais primitivas, responsáveis pelas atividades que não controlamos conscientemente, os reflexos e atividades autônomas como respirar e digerir estão “prontas” de fato.
Na prática, a teoria da exterogestação do antropólogo Ashley Montagu e popularizada pelo pediatra Harvey Karp diz que a gravidez não dura apenas 9 meses e sim 12. Esses três últimos meses aconteceriam fora da barriga da mãe, fazendo uma transição para a vida fora do útero. E, para isso, precisamos recriar ao máximo as sensações que os bebês sentiam dentro de nós.
Antes de Felipe nascer eu jamais tinha ouvido falar nessa teoria, mas fez todo sentido com aquele ser indefeso nos meus braços. Entender esse processo evolutivo me ajudou muito a ter calma e paciência neste período. Sim, é uma delícia ficar coladinha no bebê, mas quando os nossos dias passam a ser somente isso, começa a dar alguma aflição. Então acalme seu coração, siga nossas dicas e repita o mantra “vai passar” porque daqui a pouco você também vai morrer de saudade de ficar agarradinha na cria.
Veja 7 dicas para a exterogestação:
- Amamentação em livre demanda – tive a ajuda de uma consultora de amamentação e ela sempre dizia: “Chorou, peitou”. No útero, o bebê se alimentava sem horários, via cordão umbilical. Além de todos os benefícios da amamentação materna exclusiva, quando possível para o bebê, a livre demanda pode ser a solução para turbinar a produção de leite no início, além de contribuir muito para a conexão mamãe e bebê. Deixe para tentar impor rotinas como a EASY, da Encantadora de Bebês após os três meses;
- Banho de ofurô – ou balde! É apertadinho, com água morna, ajuda o bebê a relaxar reproduzindo o ambiente uterino com líquido amniótico e ainda pode ser uma boa maneira de introduzir o pai na relação com o bebê;
- Barulho brando: o útero não é um lugar silencioso. Por isso, bebês gostam de barulhos repetitivos, como o som de um secador, aspirador, rádio sem sinal ou o som que todos nós fazemos institivamente para acalmar o bebê (shhhh…). Se preferir, alguns aplicativos como estes aqui reproduzem o som do útero e podem ser usados também para ninar os bebês;
- Balanço – aqui a dica é usar o sling . Dentro do nosso corpo o bebê estava sempre acompanhando os nossos movimentos. Assim ele tem uma oportunidade de caminhar junto, ouvir sua voz e as batidas do seu coração, como era na gravidez. E também te deixa com as mãos livres para fazer outras coisas pela casa ou até mesmo descansar um pouco os braços.
- Bebê no quarto dos pais – a recomendação da Organização Mundial da Saúde é que o bebê durma no quarto dos pais até completarem o primeiro ano de vida ou pelo menos nos primeiros seis meses. Isso evita morte súbita e ajuda na segurança emocional do recém-nascido. Por aqui tínhamos até os quatro meses um Moisés ao lado da minha cama e me ajudou muito nas madrugadas! Depois Felipe cresceu demais e passamos para o bercinho no quarto dele.
- Dê colo – não, ele não ficará mimado por receber colo, ele precisa!!
- Faça um charutinho para dormir – neste post aqui ensinamos como fazer o charutinho com maestria! Durante os três primeiros meses Felipe amava, ficava mais calmo, se sentia seguro, acordava menos sem os Reflexos de Moro. Mais uma para incluir o papai! Por aqui Alexandre ficou craque em fazer o casulinho!!
Saber como acalmar e aconchegar o bebê nesse período inicial pode ajudá-lo a se desenvolver melhor. Claro que essas dicas não são regras e sim sugestões. Você vai perceber o que melhor se adapta a você e ao seu bebê.