Não! Não é o Felipe que está na imagem acima! Mas não achei nenhuma foto dele comendo do tipo paisagem para ilustrar o texto 🤣🤣 e tive que recorrer a essa profissional para ilustrar melhor esse texto sobre introdução alimentar. O meu tesouro é essa bolota aqui:
Já falamos sobre a atualização das indicações de introdução alimentar e os diferentes métodos. Como já sabia que Felipe iria para a creche com seis meses, decidi fazer um misto das duas (tradicional e BLW), para que ele não estranhasse quando precisasse se alimentar na escola (que usa o método tradicional). Inclusive isso foi uma orientação da nutricionista da creche e da pediatra dele, quando questionei sobre o tema. Então fica a dica: leia, se informe, peça orientação ao pediatra, a nutricionistas e, se a criança for frequentar algum berçário, converse com a escola sobre o tema.
Segundo os nutricionistas, o principal motivo para dar outros alimentos aos seis meses (e não depois) é que o ferro pode faltar para algumas crianças. Portanto, parece lógico que os alimentos mais ricos em ferro estejam dentre os primeiros: as carnes contêm ferro orgânico, que se absorve muito bem.
Por outro lado, verduras, legumes e cereais contêm ferro inorgânico, que se absorve mal a não ser que vá acompanhado de vitamina C. Por isso é uma boa ideia que eles comam como os adultos: salada (verdura crua, rica em vitamina C), cereais e legumes, fruta de sobremesa. E, ao contrário, não é tão boa ideia o que fazemos em geral com os bebês: oferecer em uma refeição só cereais, em outra só verdura e legumes, em outra só fruta.
Quais são os principais erros na introdução alimentar?
Em resumo, não oferecer comida de verdade. Então aqui vale a máxima dos nutricionistas: descascar mais e desembalar menos!
- Oferecer sucos de frutas – orientação antiquada, aumenta a frutose, podendo ser causador de obesidade e/ou diabetes no futuro;
- Alimentos processados e artificiais– nunca, jamais, em hipótese alguma ofereça, antes de dois anos pelo menos. Então nada de requeijão, queijo processado e aromatizado colorido artificialmente (Danoninho , Chambinho e afins);
- Sal na comida do bebê – não é necessário. Deixe que ele descubra o sabor dos alimentos. Ele nunca comeu, então não sabe o sabor com ou sem esse tempero. Prefira investir em ervas e temperos caseiros: alho, cebola, manjericão, salsa e cebolinha, etc.;
- Açúcar – nunca! Nem aquela geleia de mocotó que sua mãe te dava e diz que você comeu e não morreu. Estamos aqui formando paladar saudável nos bebê, não criando sobreviventes;
- Azeite para refogar – não use. O azeite de boa qualidade pode ser usado para regar os alimentos, mas nunca aquecido.
- Derivados de leite de vaca – evitar até um ano de idade.
Por onde começar a introduzir alimentos?
Aqui comecei com fruta por uma simples questão: o leite materno é adocicado, então o paladar dele deveria aceitar mais. Como Felipe até então só tinha experimentado leite materno, apostei que seria um caminho quase que natural.
Primeiro ofereci banana. Na sequência, mamão, maçã e laranja. Todas as frutas foram liberadas, menos abacaxi e morango (que ele só experimentou após um ano de idade). Ele gostou, mas não se apaixonou. Comia um pouquinho e tudo bem. Continuava oferecendo leite materno em livre demanda – para a creche eu tirava o meu leite com a bombinha e armazenava em mamadeiras para que ficasse mais fácil de transportar, e lá as cuidadoras ofereciam na colher para que ele não corresse o risco da confusão de bicos e abandonasse o peito precocemente.
Quinze dias depois, quando ofereci legumes também ele se desencantou de vez das frutas. Mas eu nunca deixei de oferecer. Algumas até de diversas maneiras: por vezes amassada, outras com pedacinhos, o deixava pegar, tocar. E o que mais surtiu efeito: fazia as refeições junto com ele, mostrando que eu também comia (aqui cabe uma observação: eu sempre me alimentei bem, mas ter um bebê é uma ótima oportunidade para que a alimentação se torne ainda mais variada e saudável).
Carnes e leguminosas Felipe come desde os sete meses e ama todos, principalmente músculo e feijão. Faço a comida dele totalmente sem sal, mas bem temperadinha, com ervas e temperinhos frescos. Cheira tão bem e é tão gostoso que até o pai quer comer!
Sucos de frutas tentei algumas vezes, mas além de achar que a concentração de frutose é alta (muitos nutricionistas não indicam nem que a gente tome suco, quem dirá os bebês), Felipe também não gostou, então eu passei a oferecer somente a fruta mesmo.
O que fazia sucesso mesmo era água de côco. Como dos seis aos oito meses Felipe frequentou a creche em meio período, pela manhã algumas vezes eu substituía a fruta pela água de côco (natural, sempre!), pois encontrávamos com facilidade no quiosque próximo ao Baixo Bebê Lagoa, aonde íamos todos os dias pegar sol, brincar e interagir com outros bebês.
Toda vez que introduzia algo diferente, fazia primeiro em casa e depois informava à creche. Firmamos essa parceria e deu muito certo por aqui.
Um belo dia (por volta de oito meses) ele voltou a comer frutas e atualmente Felipe come de tudo.
Água também foi um longo aprendizado – ele não havia tomado até os seis meses – mas hoje em dia ele mesmo sente a necessidade e pede. Muitas vezes ele não bebia e eu oferecia a todo momento, até se tornar um hábito. E deixava à disposição dele onde ele estivesse brincando.
Hoje Felipe é um glutão em miniatura. Adora comida. Fico feliz em ter conseguido fazer com que as refeições sejam sinônimo de prazer e me orgulho bastante de conseguir seguir até aqui com alimentação natural, comida de verdade, sem enlatados e processados nem açúcar. Isso facilitou muito na formação de paladar do Felipe.
Exemplo de cardápio e rotina para introdução alimentar
Muitos pediatras optam por iniciar a introdução alimentar substituindo apenas uma das refeições (primeiro a fruta da manhã, depois a da tarde, almoço e por último, o jantar) e ir aumentando progressivamente. Esse cardápio é para bebês que já fazem todas as refeições – o que com Felipe aconteceu a partir de oito meses.
7h – Acorda / Leite materno
Passeio/brincar/pegar sol
9h – fruta (geralmente oferecia mamão ou água de côco, mas é importante sempre variar!)
10h30 – soneca da manhã
11h – banho
11h30 – almoço:
- Um grupo de carne (bovina, frango, peixe)
- Três tipos de legumes (grupos variados, verde, amarelo e vermelho)
- Uma verdura
- Leguminosas (feijão, ervilha, lentilha
- Carboidratos (arroz, macarrão, quinoa, cuscuz marroquino)
- Fruta de sobremesa (gostava de oferecer maçã ou pêra de sobremesa. Laranja e tangerina e também são ótimos após as refeições para aumentar a absorção de vitamina C, principalmente quando se come carne vermelha e feijão).
13h – dorme
15h – acorda e come a papa de frutas – gostava de oferecer uma fruta com textura mais consistente, como banana, abacate, manga. Pode misturar com aveia ou quinoa também.
18h – jantar (o mesmo do almoço)
20h – banho
20h30 – leite + rotina do sono
00h – leite (algumas crianças continuam com essa mamada)
*Leite materno deve ser oferecido em livre demanda até a criança completar dois anos de idade.
Eu não tinha como fazer a comida fresca todos os dias, então fazia em quantidade maior e congelava nos potinhos. Etiquetava tudo com o que tinha dentro (tipo de carne e legumes) e com a data. No dia do consumo, retirava e aquecia. Devemos prestar atenção se os potes de plástico são livres de BPA – o que pode contaminar a comida.
É recomendável também ter uma panela de ágata para fazer a comida do bebê e evitar contaminação por liberação de resíduos metálicos. Se você não quiser investir em uma, pode escolher um “papeiro” (panela pequena para papinhas) de boa qualidade e optar por cozinhar somente a comida do bebê nessa panela.
Atualmente Felipe já não quer mais a mamada de 7h, logo que acorda. Então eu já ofereço logo a fruta (eu como mamão todos os dias pela manhã e ele acabou adquirindo o hábito, que ajuda muito no funcionamento do intestino). E já o deixo comer pão, que ele adora. Se for pão francês, dou sem problemas. Ele também adora tapioca e um pão caseiro de batata doce com polvilho, ótimo substituto para pão industrializado. Já ofereci também bolo integral de banana com passas, sem açúcar. Sucesso no café da manhã!
O principal aliado de uma mãe na introdução alimentar é a calma e a paciência. Também é importante não se frustrar preparando um monte de comidinhas que serão desperdiçadas. É normal a criança não querer, não gostar e depois um dia querer comer de tudo. Importante mesmo é não desistir, oferecer sempre os alimentos.
Por aqui deu certo com essas orientações. A introdução alimentar já começou com o seu bebê? Conte para nós como foi!