Dizem que avó é mãe com açúcar. É mais do que isso: é mãe com experiência, carinho, afeto.
É o ombro amigo da mãe recém-nascida. A única que entende os choros e desesperos da filha. A que aconselha, acalma, dá colo para aquela nova mãe ainda tão desprotegida. A que ensina, que passa as crendices, que faz a simpatia.
A que está presente em todos os momentos, em todas as angústias. Que nos conhece apenas com um olhar. Aquela que deixa aquela comidinha pronta para que a gente não tenha ainda mais uma preocupação.
A única com a qual podemos brigar e imediatamente pedir desculpas. Porque está tudo bem mesmo, ela já passou por isso e nos entende. Porque ela vê ali uma mãe nascendo. E sabe mais do que ninguém as dores e as delícias desse início.
Dizem que avó é mãe duas vezes. É tudo em dobro: carinho, amor, cautela. Muitas vezes a única na qual podemos confiar para a difícil função de cuidar do nosso mais precioso bem de olhos fechados.
Aquela que dá o primeiro banho, cuida do umbigo, cuida das primeiras roupas. Cuida de tudo como se o filho fosse dela. E de certa forma é: ele é um pedaço dela dividido. Ou melhor, multiplicado!
O porto seguro dos netos. O abraço apertado na chegada, os olhares saudosos nas partidas. As donas das brincadeiras, dos gracejos, das primeiras manifestações de carinho.
Avó é mãe sem compromissos. É uma oportunidade da vida para mostrar somente a parte boa da maternidade, sem a fadiga da rotina. Tudo que quando mãe estava tão ocupada com as funções pedagógicas e corretivas que nem percebeu.
É reviver os filhos ainda pequenos, com a inocência que só as crianças conseguem ter. É ter em suas mãos alguém que é seu, muito seu, mas sem as dores, as noites insones. Mas com todas as preocupações de volta. Tudo de novo. Mas com mais cor, mais sabor.
Porque ela é avó, mas ela nunca deixou de ser mãe, com toda potência e toda doçura que essa palavra carrega.
*Dedicado à vovó do Felipe, Abelin, também conhecida como minha mãe.