Amamentação não é fácil. Não é romântico. Dói, machuca, cansa. Exige na maioria das vezes insistência por parte da mãe, do bebê e de uma rede de apoio, que ofereça suporte e incentive o ato de amamentar. Amamentação exclusiva ainda nem se fale.
Assim que Felipe nasceu, a enfermeira o colocou para mamar. Em vão. Foram 24 horas no hospital, diversas tentativas e diferentes posições para que enfim conseguíssemos salvar algumas míseras gotas de leite.
Valer ler esse post aqui em que falei sobre a importância da Golden hour!
Achei que nunca fôssemos conseguir. Vi meu bebê sendo picado algumas vezes e sendo levado para fazer suplementação de leite artificial. Eu me sentia totalmente incompetente.
E a cada visita, uma orientação: a pega está errada, senta, deita, inclina, tira o nariz da criança, vai sufocar o bebê. Você não sabe amamentar. Não, eu não sabia. E meu bebê também não sabia mamar. Nunca havíamos feito tal atividade.
Até que um conselho da minha obstetra em visita mudou toda a minha vida: “Amamentar é para quem pode. Insista, mas não faça disso um martírio. Ele vai aprender, mas se você não tiver leite, tudo bem. Existem outras maneiras de manter o vínculo”.
Fiquei com aquilo na cabeça e me libertei.
Chegamos à casa e finalmente eu tinha colostro.
Minha mãe foi fundamental neste processo: colocava Felipe certinho no peito para que ele pudesse ter o instinto da sucção e mamasse.
A minha obstetra foi impecável: durante o Carnaval, no meio do feriadão, ela se propôs a fazer um Facetime (um viva à tecnologia!) comigo para ensinar a massagem que melhoraria a mamada.
Algumas espirradas de ocitocina nas narinas, quilos de Lansinoh (a única pomada que realmente funcionou comigo para rachaduras) nos bicos e tínhamos oficialmente um bezerro em casa, mesmo que durante muito tempo as lágrimas de dor ainda escorressem durante a amamentação.
Sou totalmente contra a patrulha materna. Cada caso é um caso, cada mãe é uma mãe. Tem mulher que não tem leite suficiente e hoje temos muitos meios para que ela consiga amamentar no peito com outros artifícios, usando sondas por exemplo.
Tem mulher que tem leite e não gosta de amamentar. É direito dela!
Amamentar é desgastante, cansativo. Exige muita renúncia. Felipe, por exemplo, teve muita cólica até três meses. Passei tempos comendo arroz, frango e vegetais porque ainda suspeitavam de alergia ao leite de vaca, até descobrirem que era um refluxo oculto associado. Foi uma luta!
Hoje brinco e digo que Felipe é profissional. Mama em qualquer lugar, em qualquer posição, em qualquer situação. Nós conseguimos a amamentação exclusiva! Já são um ano e quatro meses de aleitamento materno exclusivo. Para a desastrada aqui – que já queimou até a chupeta que ele não usa na panela – é um alento não ter que esterilizar mamadeira.
Insistir na amamentação exclusiva com leite materno vale muito, tanto para o bebê quanto para a mãe. Inclusive a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é aleitamento exclusivo até os seis meses – sem água, sem chá, sem nada! – e o prolongamento por até os dois anos da criança, sendo associado inclusive a aumento de QI e de renda da criança amamentada. Ou seja, só temos a ganhar!
Cinco benefícios da amamentação
- O peito é prático, rápido, econômico $$$, está sempre à mão, na temperatura certa;
- Imuniza o bebê, funcionando como uma vacina natural;
- Estudos comprovam que as crianças que são amamentadas ao seio materno exclusivamente até os seis meses de vida têm menos infecções;
- Crianças amamentadas exclusivamente com leite materno não exibem déficit de crescimento;
Não beneficia apenas o pequeno, mas também a mamãe, onde favorece por exemplo, a proteção contra o câncer de mama e a diabete melito tipo 2.
Deu tão certo que por diversas vezes doei o excedente para ajudar a salvar muitos bebezinhos em CTIs por aí. Se alguém se interessar, o Instituto Fernandes Figueira, aqui no Rio, busca em casa e ainda fornece os potes. O contato deles é o https://portal.fiocruz.br/…/instituto-nacional-fernandes-fi…. Fiquei encantada com a seriedade do trabalho. Vale a pena conhecer e se puder, colaborar!
Compartilhe a sua experiência conosco! Tem alguma mãe por aí precisando de uma mãozinha na amamentação? Compartilhe esse post com ela.