O desfralde do Felipe foi guiado por ele mesmo. Um belo dia, aos 2 anos e 9 meses, ele chegou e falou que não queria mais usar fralda, que queria colocar a cueca. Pedido feito e atendido. Imediatamente o levei ao banheiro e mostrei que deveria sentar para fazer o xixi no vaso com o redutor e que toda vez que tivesse vontade deveria pedir para ir ao banheiro.
A verdade é que os dois primeiros dias foram o caos. Muito xixi e muitas mudas de roupa para lavar. Mas ele estava morrendo de orgulho em usar a cueca!
Antes de começar todo esse processo, pouco antes de fazer dois anos Felipe ganhou penico e um adaptador para privada. Comprei também diversas cuecas, aguardando o momento. Mas fundamental mesmo foi a informação. O desfralde precoce – ou seja, quando a criança não está preparada -, pode provocar problemas mais a frente, como a cistite, por exemplo, ou até mesmo enurese (quando os escapes de xixi e cocô se estendem por mais do que 4 anos de idade).
Para quem acredita na criação neurocompatível, o ideal é esperar que a criança se manifeste. Recebi muitas críticas, muita gente por falta de informação e até mesmo profissionais da área de saúde e educação desatualizados diziam que ele precisava desfraldar para ter maturidade. Na verdade é o contrário: a criança precisa ter maturidade para que o desfralde tenha sucesso.
Por isso os desfraldes coletivos são tão condenados atualmente. Não há “treino” para o desfralde. Cada criança tem o seu tempo. O controle do esfíncter não acontece no mesmo momento para todas as crianças e muitos estudos dizem que só é estabelecido por volta dos 3 anos de idade. Nem todas desenvolvem a fala ao mesmo tempo, para verbalizar se estão com vontade de ir ao banheiro. Portanto, vale mais gastar um pouquinho mais de fralda e adiar o desfralde caso seu filho ainda não esteja preparado.
Neste post aqui, a Isa deu várias dicas de sinais que as crianças podem apresentar quando estão prontas para retirar as fraldas. Mas Felipe, por exemplo, não demonstrava um sinal considerado clássico para o desfralde: pular tirando os dois pés do chão. Mas mesmo assim, como partiu dele, foi tudo bem tranquilo e agora, um mês após o processo, podemos considerar que o desfralde diurno foi feito com sucesso.
Claro que sempre podemos estimular o processo, apresentando o penico, mostrando como é legal sentar para fazer xixi o cocô ali. Ler livros como estes aqui que já fizemos resenha. Mas nada disso adiantará se a criança não estiver preparada. E aí o melhor a fazer é voltar à fralda e aguardar um novo momento.
Algumas dicas para o desfralde:
– permita que a criança veja você usando o banheiro, para que ela entenda que é um processo normal, que não precisa ter vergonha;
– se puder, apresente mais de uma possibilidade como alternativa para fazer xixi ou cocô, como penico, redutor e para meninos há também mictórios lúdicos (Felipe tem um sapinho que pendura na parede com ventana). O ideal é que a criança escolha a preferência;
– não brigue caso tenha escapes. Limpe, se possível com a ajuda da criança e diga que tudo bem, mas que quando sentir vontade da próxima vez, que peça para fazer xixi. Repita esse processo quantas vezes for necessário;
– ajudou muito transformar tudo numa brincadeira e superação: aqui toda vez que ele conseguia fazer, comemorávamos e ele se exibia orgulhoso. Dar “tchau” para a descarga também foi uma dica que funcionou!
– tenha muitas cuecas, shorts e calcinhas! Antes do Felipe se interessar eu já tinha comprado na Saara, comércio popular do Rio, um monte de cuecas bem baratinhas para ter quantidade mesmo enquanto o desfralde não se consolida;
– muitos orientam que esse processe seja feito no verão. O motivo é porque usamos menos roupa, ficamos mais à vontade, então é mais fácil gerenciar o desfralde. Mas se seu filho deu sinal antes, não espere! Condição climática não é empecilho para tirar as fraldas. Imagina como fazem nos países mais frios?
Como foi o desfralde por aí? Queremos saber!