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Chupetas: usar ou não?

por Thainá Halac

CO uso de chupetas, muito difundido há anos, atende a uma necessidade fisiológica da criança: a sucção. Vem sendo passado de geração a geração, sendo um frequente hábito cultural ocidental e com grande oferta no mercado – desde as chupetas com preço reduzido até as mais caras, sendo bastante acessível a toda população.

Desde a barriga da mãe podemos observar bebês chupando o dedo, um reflexo importante para o desenvolvimento psíquico do bebê. Ao nascer, a amamentação além de garantir a sobrevivência por meio da alimentação também supre a vontade de sugar, muito importante durante a exterogestação.

O principal argumento para o uso da chupeta é que ele acalma o bebê. Contudo, somente a amamentação em livre demanda com a criança mamando exclusivamente no peito satisfaz essa necessidade sem precisar de bicos artificiais. A sucção promove a liberação de endorfina, um hormônio que produz um efeito de modulação da dor, do humor e da ansiedade, provocando uma sensação de prazer e bem-estar ao recém-nascido.

Mamar no seio materno é completamente diferente do sugar o bico de uma mamadeira ou chupeta. Portanto, o uso de chupetas pode, sim ser a causa de um desmame precoce ou até mesmo de mastites nas mães, já que a “pega” é completamente diferente. Além disso, mamar no peito é muito importante para o desenvolvimento da mandíbula e demais ossos da face, dos músculos da mastigação, da oclusão dentária e da respiração de forma adequada. Amamentar não é fácil, como já falamos por aqui, mas pode ser recompensador tanto para mãe quanto para o bebê.

Lembre-se também que o choro é a maneira que o bebê tem de se comunicar com o mundo. A chupeta pode fazer com que a criança fique quieta, o que não significa que sua necessidade tenha sido atendida. Ela acaba “se conformando” com o prazer que lhe é oferecido, ainda que temporário. Por isso, é importante tentar entender e decifrar o significado dos choros do bebê.

Se ele está chorando, há algo o incomodando. Pode ser colo, carinho, atenção. Bebês precisam de contato!

Dois motivos a favor da utilização da chupeta:

  1. Costuma ser calmante imediato do choro;
  2. Alguns estudos mostram relação como protetor contra morte súbita, desde que seja introduzida após a terceira semana de vida ou com a amamentação já estabelecida e utilizada apenas durante o sono (recomendação oficial da Academia Americana de Pediatria – AAP). *

*esta opinião não é compartilhada por importantes órgãos como o Ministério da Saúde do Brasil, OMS, UNICEF e WABA (ONG internacional que promove a semana mundial da amamentação).

Sete argumentos contra o uso da chupeta:

  1. Desmame precoce por confusão de bicos: Por este motivo a Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) optaram como recomendação oficial de não utilizar bicos e chupetas desde o nascimento, pois o tempo de duração do aleitamento materno influi diretamente na saúde do bebê e da mãe, quanto mais tempo amamentar, mais saúde para ambos.
  2. Deformação na arcada dentária e problemas na mastigação: além de atrasos na linguagem oral, problemas na fala e emocionais. O risco em crianças que utilizam chupetas é duas vezes maior em relação às que não usam.
  3. Respiração pela boca: Reduzindo a saturação de oxigênio e a frequência respiratória, o que piora a elevação do palato (céu da boca), diminuindo o espaço aéreo dos seios da face e provocando desvio do septo nasal. A respiração oral leva à diminuição da produção da saliva, que pode aumentar o risco de cáries. Também há mais chances de irritações da laringe e pulmões, que passam a receber um ar frio, seco e não filtrado adequadamente, além de aumento de infecções de ouvido, rinites e amigdalites.
  4. Candidíase oral (sapinho): quase impossível manter uma chupeta com higiene adequada.
  5. Bicos artificiais podem ser cancerígenos: materiais possivelmente carcinogênicos (N-nitrosaminas) usados na produção de chupetas.
  6. Atrasos na fala: as crianças choram, balbuciam ou protestam por atenção ou para comunicar suas necessidades e desejos. Com chupeta,  a criança tem menos oportunidades de interação com os pais/ cuidadores e, como consequência, acabam sendo menos estimuladas, com repercussões no seu desenvolvimento, como na fala, na comunicação e nas habilidades de socialização.
  7. Mais chances de se tornar adulto fumante: o uso prolongado da chupeta por mais de 2 anos pode ser substituído, mais tarde, por outros hábitos orais como fumar, comer excessivamente ou outros transtornos compulsivos

Claro que cada um sabe onde seu calo aperta, mas nosso dever aqui é apresentar informações para que você decida quais são as suas escolhas na maternidade. A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que os pais tenham claramente esta visão de “prós e contras” do uso da chupeta, para que, junto ao seu pediatra, possam tomar uma decisão informada quanto a oferecê-la, ou não, aos seus filhos.

Se a opção for por oferecer chupeta à criança, recomenda-se que o seu uso seja limitado até 1 ano de idade e sua introdução deve ocorrer após a amamentação estar estabelecida, ou seja, com o bebê mamando bem, ganhando peso por mais de duas semanas e a mãe sem fissuras ou dores no momento de amamentar.

Por fim, é importante ressaltar que o uso de chupeta por crianças que já adquiriram a fala, muitas vezes em idades avançadas, é um sinal de alerta.

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