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Porque crianças com menos de 2 anos não devem ser expostas a telas eletrônicas

por Thainá Halac

A recomendação para que antes de 2 anos as crianças não tenham contato com telas eletrônicas tem base científica e está associada diretamente a atrasos na fala – dados da Universidade de Toronto, no Canadá, revelam que 30 min de exposição diária já aumenta o risco em 30% -, problemas relacionados ao sono do bebê e ansiedade.

Nessa fase, ela aprende principalmente com a interação com o outro, o que não ocorre com as telas. Se relacionar com os outros faz com que a criança se sinta acolhida, entendida e segura, e, assim, se esforce ainda mais para ser compreendida.

A Academia Americana de Pediatria (AAP) recentemente atualizou as recomendações que restringem o uso de telas, mas manteve a proibição até os 18 meses. A indicação da AAP é:

Bebês: nenhuma exposição diária às telas.

2 a 5 anos: uso limitado a uma hora por dia, de programação de qualidade e apropriada à idade. A AAP recomenda que os pais priorizem atividades criativas e brincadeiras que promovam a interação, longe dos eletrônicos.

6 anos e mais: cabe aos pais determinar a quantidade de tempo com base nas recomendações gerais, mas sempre com monitoramento dos conteúdos a que a criança tem acesso.

Sei que é difícil principalmente para quem não tem rede de apoio – como era o meu caso – resistir à tentação de ter pelo menos um tempinho com o bebê entretido com a Galinha Pintadinha ou o Mundo Bita para que possamos realizar atividades domésticas ou até mesmo atender a necessidades fisiológicas nossas.

Uma alternativa que funcionava bastante aqui em casa era deixar apenas o som, o que já fazia com que passássemos as tardes cantando a plenos pulmões.

Há também outras maneiras de ensinar a criança a passar o tempo e ainda estimular atividades sensoriais. Quando Felipe era bebê, continuei trabalhando de casa com freelas e ainda cuidava da casa e por diversas vezes precisava que ele se ocupasse com outra coisa. Forrava um tapete no chão e espalhava alguns poucos brinquedos e deixava que ele descobrisse como brincar. Colocava na cadeirinha para bebês perto de mim e ficava cantando com ele. Deixava um livrinho nas mãos para que ele manipulasse. Ou simplesmente não estimulava nada, já que a criança também precisa de um tempo dela, ocioso.

Por aqui fracassei próximo aos seis meses, até porque precisei deixar com outros cuidadores que não atendiam ao meu pedido de não mostrar celulares ou televisão ao Felipe. Mas mesmo assim restringi ao máximo o tempo em frente à tv e por isso também optei por colocá-lo na creche quando voltei ao trabalho em tempo integral, já que lá ele teria o dia ocupado com diversas atividades, contato com outras crianças, brincadeiras, tudo sem a necessidade dos eletrônicos.

Quando saímos para almoçar ou jantar, o tablet é o último recurso. Levo desenho, massinha e, principalmente, o envolvo nas refeições. Nosso glutão em miniatura adora comer, então passa boa parte do tempo compartilhando as refeições à mesa conosco.

Também devemos fazer um esforço para evitar usar muito o celular na frente deles. Aqui por vezes é inevitável, já que trabalho pelo telefone, mas quando estou com Felipe procuro ao máximo focar nele, brincar com ele. Tempo junto com qualidade é o que mais importa para os nossos filhos.

 

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